Arte no Jardim Botânico da UFRRJ

por Phelype Gonçalves
 
Quem visitou o Jardim Botânico da UFRRJ, em outubro, com certeza estranhou o ambiente. Entre árvores e plantas, como sempre, havia mesas, frascos coloridos e um fogão. Muita gente não sabia, mas acontecia, naquele momento, a Oficina de Pintura do curso de Belas Artes, com a temática: “As possibilidades de uso dos pigmentos naturais nas pinturas em tecido”. A atividade, gratuita, foi aberta para todos os públicos.

Marisa Vales explica o projeto – Foto de Phelype Gonçalves

O projeto, uma das atividades da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCT), realizada na Rural, é coordenado por Marisa Vales, professora de esculturas do Departamento de Artes (DARTE – ICHS) e por sua orientada, Camila de Mari, aluna do 5° período do mesmo Departamento. O workshop é uma das vertentes de outros laboratórios existentes desde 2009, no Jardim Botânico, ligadas à educação ambiental através da arte. Cumpre destacar que um dos objetivos do evento é divulgar o espaço do Jardim, oficialmente, o segundo do Estado do Rio de Janeiro – único estado com dois no Brasil – e que nem sempre é visitado.  


Outro aspecto importante é a proposta de, além de ensinar a fazer arte com poucos recursos, objetivar a integração de disciplinas do dia-a-dia de uma sala de aula, para contribuir com o aprendizado de alunos de forma mais relaxante, mais leve e com um olhar diferente para o meio ambiente.

De acordo com a professora Marisa, o projeto reúne muitos pontos positivos e importantes. Um exemplo é que ele agrega diferentes formas de abordar vários assuntos que são encarados como “chatos” e desinteressantes pelos estudantes:

– Aqui cabe química, cabe física, cabe botânica, cabe arte. E a arte cabe em todas as matérias – diz, sorridente.

Grupo discute o processo de produção das tinturas

As tinturas produzidas para serem utilizadas nas pinturas são produzidas com os materiais presentes no próprio local. Pode-se retirar cor de tudo: plantas, flores, raízes, cereais, sementes, frutas, grãos e o que mais for interessante. A extração de pigmentos coloridos se dá através de processos químicos provenientes da reação dos materiais escolhidos com vários tipos de solventes existentes, como a água fervida e o álcool de cereais. A intensidade da cor é importante: quanto mais tempo o vegetal ficar num frasco reagindo com algum líquido dissolvente, mais fortes se tornam as tonalidades. Porém, há uma infinidade de paletas para serem descobertas, como explica Marisa:


– Nem sempre a cor diluída do material utilizado no processo é o esperado. Depende muito de com o que a planta ou a flor vai reagir. Isso a gente vai descobrindo. É uma brincadeira que, se deixarem, não paramos de fazer. 

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